Já dizia o ditado, “os humilhados serão exaltados”, e assim foi com Rafaela Silva. Pobre, negra, favelada e lésbica, Rafaela faz parte de diversos grupos tradicionalmente alvo de preconceito e discriminação. Então, quão simbólico é o fato de ter vindo dela o primeiro ouro olímpico do Brasil?
As Olimpíadas do Rio 2016 foram, e continuam sendo, duramente criticadas pela forma como o governo lidou com as preparações da cidade. Remoções e opressões são as palavras chave. Especialmente a população negra e favelada do Rio foi truculentamente convidada a se esconder e não comparecer aos jogos. A festa é no quintal de casa, mas nem todo mundo foi convidado.
Para deixar o ouro ainda mais dramático, Rafaela teve que lidar com diversos ataques lá em 2012. Em Londres, a atleta foi desqualificada da competição por ter executado um golpe proibido. Nas redes sociais, Rafaela foi chamada de burra e macaca, dentre outros insultos. O impacto foi grande, ela pensou em desistir. Mas, felizmente, Rafaela se manteve forte.
A judoca entrou para o esporte aos 7 anos, pela ONG Instituto Reação, ao lado da irmã mais velha. O motivo? Ela era briguenta demais, os pais tentavam direcionar toda aquela energia para algo mais produtivo. Deu certo.
Superando a frustração de Londres, a atleta veio pronta para o Rio. Com 24 anos, Rafaela superou todas as adversárias e, literalmente, salvou o judô nacional – apontados como uma das principais esperanças de ouro no país, dado o retrospecto, os atletas até então não tinham se classificado para nenhuma final.
O, já tardio, ouro olímpico veio de uma das pessoas pouco bem-vindas no evento: negra e favelada.
Depois da vitória, Rafaela declarou ao SporTV: “Treinei muito depois de Londres porque não queria repetir o sofrimento. Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para minha família, para meu país. E agora sou campeã olímpica”, e completou, “essa é para todos que me criticaram”.
Recado dado, Rafaela. Parabéns!