O que acontece quando o índice de animais de rua é absurdo e não há adotantes para dar conta? Em Taiwan, a solução vinha sendo a eutanásia desses animais. E foi isso que levou Chien Chih-cheng a tirar a própria vida – ato que mudou as leis no país.
Chien sempre adorou animais, especialmente cães. E foi por esse amor que se formou em uma das faculdades de veterinária mais prestigiadas do país, com altas notas. A jovem teve algumas oportunidades de emprego com grandes salários, mas optou por trabalhar em um abrigo para cães de rua.
Ela não gostava, mas precisava ministrar eutanásia naqueles animais que já estavam ali há um determinado tempo e que não haviam sido adotados. Aos poucos, matar o que ela mais amava a levou a depressão, o que culminou em sua morte. Especula-se que Chine tenha matado mais de 700 cães. No fim, ela aplicou em si mesma as drogas que aplicava neles. “Espero que a minha partida permita que todos vocês saibam que os animais sem donos também representam a vida. E que o governo saiba a importância de controlar a fonte desse problema”, declarou em carta de despedida.
Ela, que chegou a ser considerada assassina cruel pela opinião pública do país, agora é vista com outros olhos. A carta gerou efeito e os números de adoção no país aumentam, enquanto a taxa de animais abandonados cai. A morte de Chien acendeu um debate no país sobre o papel do governo na questão animal, há até quem culpe o Estado pela morte da veterinária.
Agora, Taiwan se apressa para aprovar uma lei que proibe a eutanásia em centros como o que Chien trabalhava. Além disso, o país chama a atenção para a lei que obriga os cidadãos a castrarem seus animais domésticos, mas que vem sendo ignorada. O governo também se comprometeu a criar mais abrigos, além de aumentar em 40% o investimento nesses locais. A mudança de lei também prevê que famílias que desejarem abandonar animais em abrigos deverão desembolsar 115 euros, para auxiliar nos custos.
fonte: dn.pt