Muitos de nós prefere acreditar que ninguém em sã consciência realizaria tamanha atrocidade como matar alguém, quem dirá várias pessoas, como em tiroteios ou atentados. No entanto, um estudo recente sugere que uma pessoa não precisa estar tão desequilibrada ou psicótico para cometer tais atos. Depois de revisar o caso de Anders Breivik – que em 2011 chocou o mundo ao matar 77 pessoas, a maioria adolescentes, na ilha norueguesa de Utøya – eles acreditam que, ao contrário de um caso de insanidade, na verdade, Anders e outros representam mais um caso de “extremas crenças sobrevalorizadas“.
O caso de Breivik ilustra perfeitamente o quão embaçado é o limite entre sanidade e insanidade: depois de sua prisão, ele foi analisado por uma equipe de psicanalistas que o diagnosticaram em um quadro de esquizofrenia paranoica. No entanto, ele foi submetido mais tarde a uma segunda avaliação na qual foi classificado como “não-psicótico“, o que significa que ele agiu no pleno uso da razão.
SEgundo um estudo recente publicado no Journal of the American Academy of Psychiatry and the Law, a avaliação é difícil de ser feita porque não há uma definição clara do que são os transtornos psicóticos, e o diagnóstico em geral leva em consideração o conjunto dos sintomas. Por exemplo, a esquizofrenia está relacionada a delírios. No entanto, não existe um consenso claro do que podem ser considerados delírios, portanto é difícil determinar se uma pessoa esta agindo de forma lúcida ou não.
No caso de Breivik, os pesquisadores mostram que antes do atentado ele publicou uma espécia de nota na qual expunha toda a sua crença racista e xenofóbica. De acordo com os estudiosos, essa crença, ainda que extrema e fundamentalista, não pode ser classificado como “delirante”, pois ficou claro que Breivik chegou a suas conclusões de forma racional. Ele considerou referencialmente, nesse caso, diversas de suas figuras históricas e culturais, antes de finalmente chegar a sua própria manifestação ideológica.
A partir disso, os estudiosos reivindicam que o conceito de “extremas crenças sobrevalorizadas” seja adicionada ao quadro legal sendo aplicadas como “comportamentos criminosos violentos quando a psicose pode ser descartada”.
Em nota oficial sobre a pesquisa e a reivindicação, o co-autor do estudo, Tahir Rahma, declarou “as pessoas pensam que as ações violentas devem ser o subproduto de doença mental psicótica, mas esse nem sempre é o caso. Nosso estudo do caso Breivik era para explicar como crenças extremas pode ser confundido com psicose“.
[IFLS]