Boybands não são exatamente novidade no mundo, né? Com o fim do One Direction, o ocidente abriu ainda mais espaço para a invasão oriental – especialmente sul-coreana – desse mercado. E, por lá, eles se esforçam bastante para apresentar novidades. E, eu acho, que nisso se encaixa o Acrush, a nova boyband chinesa que é composta só por… garotas!
Mas se são garotas, porque o termo boyband e não girlband? Basicamente porque todas as meninas são adeptas do estilo andrógeno. Se eu não estivesse anunciando, você suspeitaria de que o quinteto não é composto por meninos?
Mas eis aqui o pulo do gato: a China não é exatamente, por incrível que pareça, um país muito liberal. Então como justificar o sucesso inesperado que o grupo vem fazendo? Na verdade, todas as meninas são cis-gênero, para começar, mas na prática dispensam marcadores de gênero e optam pelo termo “meishaonian”, que significa algo como “beleza jovem” ou “belos jovens” – ressaltando que, no português, não temos uma palavra livre de demarcação de gênero para traduzir o “jovens” que, indiretamente, demarca o gênero masculino, o que não é o caso do termo original, em chinês. Já o A, do Acrush, é em referência a Adonis, deus grego da beleza masculina. Esse jogo todo com o gênero mostra que tanto as meninas, quanto a agência, está plenamente ciente do nó que estão fazendo no cérebro de muitos.
O grupo é composto por Lu Ke Ran, Peng Xi Chen, Lin Fan, An Jun Xi e Min Jun Qian, todas na faixa dos 18/20 anos. E a orientação da empresa é: nada de revelar sua orientação sexual. Na China, esse tipo de performance andrógena não é tão novidade assim. Quem inspirou a criação do grupo foi Li Yuchun, uma cantora e atriz chinesa, de 33 anos, que já bagunçou muito a cabeça da galera por lá.
O grupo ainda não tem nenhuma música lançada, o que é planejado para abril. Mas para atender seus milhares de fãs – só no Weibo, uma versão chinesa do Twitter, o quinteto conta com quase 1 milhão de seguidores – o Acrush tem feito aparições públicas.
A companhia por trás do grupo, Zhejiang Huati Culture Communication Co. Ltd, ainda pretende lançar outros dois grupos femininos. Só ainda não se sabe se os novos grupos seguirão o estilo andrógeno.
Quanto ao Acrush, o CEO da empresa afirma que o estilo andrógeno não foi uma imposição. Pelo contrário, as meninas já usavam o estilo antes de serem selecionadas e isso foi apenas uma característica própria do grupo, embora todas sejam cisgenero. A líder do grupo, Lu Keran, revelou que, nas redes sociais, elas recebem bastante mensagens de ódio, mas também recebem apoio.
Fora tudo isso, o grupo ainda faz parte da FFC, que significa Fantasy Football Confederation, e deve incorporar o futebol em seus videoclipes, além de apresentações ao vivo, para passar a mensagem de que são saudáveis e espalhar esse estilo de vida. Vale lembrar que o futebol tem se tornado cada vez mais popular na China.
A estréia do grupo está prevista para abril, e deve trazer uma música bem inspirada nos sucessos do K-Pop e J-Pop, gêneros dos países vizinhos que tem feito sucesso global.