Cauã Reymond tem 36 anos e, em seu currículo, diversos papéis másculos. O ator global e considerado um símbolo de beleza e masculinidade não é de hoje. Então, imagine a cabeça das pessoas ao vê-lo dando vida à Clara, num videoclipe musical!
Clara é uma mulher – não fica claro no vídeo se ela é uma transexual ou travesti – que é vítima de violência ao flertar com um cara. Embora não diga ao certo qual a identidade de de gênero de Clara, o vídeo é bem claro em mostrar que a violência se deu por Clara ser, aos olhos LGBTfóbicos, não uma mulher, mas um homem. A intenção do vídeo em abordar a violência e intolerância que pessoas LGBT são obrigadas a lidar todos os dias é bem demarcada.
Cauã se juntou a equipe criativa que trabalhou no vídeo de “Your Armies”, da cantora carioca Barbara Ohana. O ator inclusive investiu de seu bolso na criação do vídeo, assim como outros profissionais envolvidos.
Sobre o vídeo, Cauã disse que se dedicou intensivamente ao papel. Deixou de malhar por dois meses, para diminuir os músculos, e andou de salto alto todo dia durante as férias. O ator afirmou que teve bastante cuidado para não criar um personagem caricato mas, ao contrário, uma personagem com delicadeza e força. E é isso que vemos no vídeo.
Clara é uma mulher delicada, mas forte. Machucada pela vida e suas injustiças, mas determinada. Ela se vinga de seu agressor. O vídeo é sensível e tocante.
O autor tem recebido vários elogios. No entanto, grupos de ativistas tem criticado a ausência de uma pessoa que se encaixasse melhor no papel – ou seja, alguma mulher trans ou travesti.
De uma forma ou de outra, o vídeo tem chamado a atenção para a causa e levado pessoas a reflexão. O fato de Cauã, um galã, ter aceitado o papel nos mostra algo. Mostra que, aos poucos, a sociedade parece começar a aceitar que essas pessoas não devem ser retratadas apenas de formas caricatas. Talvez a grande questão agora seja: por que artistas trans não representam papéis cis?